O que significa Hamas? Entenda sua origem e contexto.
Este artigo foi publicado pelo autor Cidesp em 20/09/2024 e atualizado em 20/09/2024. Encontra-se na categoria Artigos.
- O que é o Hamas?
- A ala política
- A ala militar
- Origem do Hamas
- Contexto histórico
- A fundação do Hamas
- Desenvolvimento do Hamas
- A Segunda Intifada e a ascensão do Hamas
- A vitória eleitoral e a divisão com a Fatah
- O impacto do Hamas na Palestina
- Condições de vida em Gaza
- A resistência e a paz
- A perspectiva internacional
- Reconhecimento e apoio
- A atualidade do Hamas
- Ofensivas recentes e resposta de Israel
- A perspectiva de um futuro de paz
- Conclusão
- FAQ
- O Hamas considera Israel um Estado legítimo?
- O Hamas é uma organização terrorista?
- Qual a diferença entre o Hamas e o Fatah?
- Referências
Hamas é uma das organizações políticas e militares mais conhecidas e controversas do Oriente Médio, especialmente no contexto do conflito israelo-palestino. Fundada em 1987 durante a Primeira Intifada, o grupo se apresenta como um defensor dos direitos palestinos, mas também é amplamente reconhecido como um grupo terrorista por diversos países. Neste artigo, vamos explorar o que significa o termo Hamas, sua origem, desenvolvimento histórico e o contexto sociopolítico que envolve essa organização. Abordaremos ainda as suas consequências para a população palestina e para a paz no Oriente Médio.
O que é o Hamas?
Hamas é um acrônimo que vem do árabe "Harakat al-Muqawama al-Islamiyya", que se traduz como "Movimento de Resistência Islâmica". O grupo combina uma identidade de resistência à ocupação israelense com uma ideologia islâmica. Hamas não apenas busca a libertação da Palestina, mas também se compromete a estabelecer um estado islâmico, fundamentado nos preceitos do Islã. A organização opera em duas frentes principais: a política e a militar.
A ala política
Na sua faceta política, Hamas tenta integrar a governança da Palestina e representa uma alternativa ao movimento nacionalista mais secular da OLP (Organização para a Libertação da Palestina). Desde que venceu as eleições gerais em 2006, o Hamas tem administrado a Faixa de Gaza, enfrentando desafios sociais e econômicos significativos, além do bloqueio imposto por Israel e Egito.
A ala militar
A ala militar, conhecida como Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, é responsável por uma série de ataques contra Israel, incluindo bombardeios, ataques suicidas e, mais recentemente, o lançamento de foguetes. A atuação militar do Hamas é vista, por seus apoiadores, como uma forma legítima de resistência à ocupação, enquanto os críticos argumentam que suas táticas são uma forma de terrorismo, exacerbando o sofrimento do povo palestino e dificultando a paz.
Origem do Hamas
Contexto histórico
Para entender a origem do Hamas, é crucial considerar o contexto histórico da Palestina e o surgimento do sionismo, que levou à criação do Estado de Israel em 1948. A derrota dos árabes na guerra que se seguiu à independência israelense resultou em um massivo deslocamento de palestinos, criando um ressentimento profundo que se perpetuou por gerações. Esse sentimento de injustiça foi um terreno fértil para o crescimento da militância palestina.
A fundação do Hamas
O Hamas foi fundado em dezembro de 1987, em meio à Primeira Intifada, um levante popular contra a ocupação israelense da Cisjordânia e da Faixa de Gaza. A organização surgiu como uma ramificação da Irmandade Muçulmana, uma das mais antigas e influentes organizações islâmicas do mundo, sendo que seus ideais influenciaram fortemente os princípios do grupo.
O objetivo inicial do Hamas era oferecer serviços sociais à população palestina oprimida, como escolas e hospitais. No entanto, a resistência à ocupação logo se tornou um foco central da sua agenda, e a organização começou a se envolver em atividades militares contra Israel.
Desenvolvimento do Hamas
A Segunda Intifada e a ascensão do Hamas
Durante a Segunda Intifada, entre 2000 e 2005, o Hamas ganhou popularidade ao se opor ao processo de paz de Oslo e à liderança da OLP, que muitos palestinos viam como corrupta e ineficaz. A resistência armada do Hamas, em contraste com os métodos diplomáticos do Fatah, ressoou com um segmento significativo da população.
O grupo começou a realizar ações mais audaciosas contra Israel, destacando-se em ataques suicidas e bombardeios que, embora provocassem atração entre seus apoiadores, também resultaram em grande número de mortes entre civis israelenses e palestinos. Essa escalada de violência gerou condenações internacionais e um endurecimento das políticas israelenses.
A vitória eleitoral e a divisão com a Fatah
Em 2006, o Hamas participou das eleições legislativas palestinas, vencendo de forma surpreendente e garantindo um controle significativo da Palestina, particularmente na Faixa de Gaza. Essa vitória marcou uma nova fase para o Hamas, que saiu do submundo da resistência para a política oficial. No entanto, a vitória também gerou tensões com o Fatah, a facção rival que controlava a Cisjordânia.
As divisões entre Fatah e Hamas culminaram em 2007, quando o Hamas assumiu o controle total da Faixa de Gaza após um violento confronto com as forças da Autoridade Nacional Palestina, em grande parte dominadas pelo Fatah. Desde então, a Palestina tem sido dividida entre o Hamas, que governa a Gaza, e o Fatah, que controla a Cisjordânia, tornando ainda mais difícil a formação de um governo unificado e a busca por um acordo de paz.
O impacto do Hamas na Palestina
Condições de vida em Gaza
A administração do Hamas na Faixa de Gaza enfrentou enormes desafios. A região é marcada por uma alta taxa de desemprego, pobreza extrema e escassez de bens essenciais. O bloqueio imposto por Israel e Egito, em resposta ao controle do Hamas na região, agravou ainda mais a crise humanitária. A população de Gaza depende fortemente de assistência internacional, e os conflitos esporádicos entre Hamas e Israel levaram a destruições catastróficas em infraestrutura e habitações, aumentando o sofrimento dos civis.
A resistência e a paz
O Hamas tem sido uma figura central na resistência palestina, mas também é criticado por sua recusa em aceitar acordos de paz com Israel que não incluam o retorno total de todos os refugiados palestinos e o reconhecimento das fronteiras de 1967. Essa posição tem gerado divisões não apenas entre os palestinos, mas também entre as nações que buscam um papel mediador no conflito.
A perspectiva internacional
Reconhecimento e apoio
O status do Hamas é complexo no cenário internacional. Enquanto alguns países muçulmanos e organizações veem o Hamas como um movimento de resistência legítimo, muitos países ocidentais, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia, designam o grupo como uma organização terrorista. Essa designação resulta em sérias restrições financeiras e políticas para a organização, complicando a busca por soluções diplomáticas no conflito palestino-israelense.
As tensões em torno do Hamas afetam não apenas as relações internacionais, mas também a dinâmica regional, uma vez que o grupo é visto como um aliado do Irã e de outros grupos militantes, o que provoca a preocupação de países como Arábia Saudita e Egito.
A atualidade do Hamas
Ofensivas recentes e resposta de Israel
Nos últimos anos, o Hamas continuou a lançar foguetes contra alvos israelenses, resultando em represálias severas e grandes operações militares por parte de Israel. Essas escaladas têm impactos devastadores sobre a população civil de Gaza, levando a um ciclo interminável de violência e retaliações. As operações militares de Israel em resposta a ataques do Hamas têm sido criticadas por suas consequências humanitárias, resultando em mortes e destruições em larga escala.
A perspectiva de um futuro de paz
Entender o Hamas e sua transição de um grupo de resistência a um ator político é crucial para pensar nas perspectivas de paz no Oriente Médio. A resolução do conflito palestino-israelense exige a inclusão de todos os atores relevantes, incluindo o Hamas, no diálogo político. No entanto, a postura do Hamas em relação à violência e sua recusa em reconhecer o Estado de Israel tornam essa inclusão extremamente complicada.
Conclusão
O Hamas representa uma complexa interseção de resistência política, ideologia islâmica e um contexto geopolítico conturbado. Desde sua fundação, o grupo tem atraído tanto apoio quanto condenação, refletindo as tensões profundas e as divisões existenciais no Oriente Médio. Com a população palestina continuando a enfrentar desafios imensos e a solução pacífica parecendo cada vez mais distante, o futuro do Hamas e de seu papel no movimento palestino continua a ser um tema crítico de debate. Uma abordagem que busque a inclusão de todos os atores, com um compromisso genuíno com a paz, é fundamental para transformar as realidades atuais em um futuro mais esperançoso.
FAQ
O Hamas considera Israel um Estado legítimo?
O Hamas não reconhece o Estado de Israel como legítimo e defende a resistência à ocupação. A organização busca estabelecer um estado palestino em todo o território histórico da Palestina.
O Hamas é uma organização terrorista?
A classificação do Hamas varia: muitos países ocidentais, como os EUA e a União Europeia, consideram o grupo uma organização terrorista, enquanto outros, em sua maioria muçulmanos, veem o Hamas como um legítimo movimento de resistência.
Qual a diferença entre o Hamas e o Fatah?
O Hamas é um movimento islâmico que defende uma luta armada contra Israel, enquanto o Fatah é uma organização secular que buscou, tradicionalmente, a via diplomática para estabelecer um Estado palestino. Essa diferença ideológica levou a uma divisão política significativa entre as duas facções.
Referências
- HADDAD, Lisa. "Hamas: A History From Within". Princeton University Press, 2017.
- MILTON, Andrew. "The Effectiveness of Terrorism: A Comparative Study of Hamas and Al-Qaeda". Middle Eastern Studies Journal, 2020.
- PURCELL, Nicholas. "Israel-Palestine: A Primer on the Conflict". The Atlantic, 2023.
- START, Defending Democracy. "Understanding Hamas". Policy Brief, 2021.
- WRIGHT, Lawrence. "The Terror Years: From Al-Qaeda to the Islamic State". Knopf, 2016.
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